Jantares

Jantar no hotel central

Os dois objectivos centrais deste jantar são introduzir Carlos da Maia no meio social lisboeta e fazer com que este tenha o seu primeiro encontro com Maria Eduarda, embora nós ainda não saibamos quem ela é.

Durante o jantar, ocorre uma discussão sobre géneros literários, nomeadamente entre Alencar e João da Ega., sendo Tomás de Alencar um ultra-romântico e João da Ega um naturalista.

Tomás é contra o Naturalismo, o que é curioso pois outrora ele era um naturalista. Sem ter argumentos contra o Naturalismo, este “esconde-se” na moral dizendo que considera o realismo imoral, encontra-se desenquadrado do seu tempo e defende a crítica literária académica.

Ega, por sua vez, devido à sua tenra idade, é totalmente contra o Romantismo e toma a posição do Naturalismo/Realismo e a dos jovens escritores da Questão Coimbrã.

Este jantar foi preparado por Ega em honra do banqueiro Jacob Cohen, cuja mulher é amante de Ega e, no decorrer do jantar, vários temas são debatidos, entre os quais a economia, a política e a sua história.

No que toca à economia, Cohen afirma que, visto Portugal necessitar de apoios (empréstimos) estrangeiros, o país se dirige para a bancarrota. Ega profere, então, uma frase marcante “À bancarrota seguia-se uma revolução, evidentemente. Um país que vive da inscrição, em não lha pagando, agarra no cacete [«] E, passada a crise, Portugal, livre da velha dívida, da velha gente, dessa colecção grotesca de bestas”. Fazendo uma interpretação desta frase, Ega defende que, ao fazermos uma revolução e livrarmo-nos dos dirigentes que só se preocupam em explorar o povo e pôr dinheiro no seu bolso, estaríamos bem melhor, mas também critica os dirigentes da altura, chamando-lhes uma colecção grotesca de bestas.

No que toca à história política, Ega defende que uma catástrofe nacional é a maneira ideal de acordar o país que ele diz adormecido, afirmando também que o povo português é o mais reles da Europa, porque aplaude a estagnação da Europa e a invasão espanhola.

No entanto, Alencar teme a invasão espanhola pois considera-a uma ameaça à independência nacional, defendendo também o romantismo político. Cohen afirma que é Ega está a exagerar e que nas camadas políticas ainda existe gente com carácter. De seguida, Dâmaso, que se gaba de ser forte, rapidamente afirma que se a invasão espanhola ocorresse, este prontamente fugiria para Paris.

Visto que Ega é a personificação do autor, a opinião desta personagem é a que mais se aproxima da do autor, ou seja, a de que uma catástrofe nacional é a maneira de acordar o País.





Jantar em casa dos Gouvarinho

O jantar em casa dos Gouvarinho teve como objectivos reunir as classes mais altas da burguesia e aristocracia, os dirigentes do País e ilustrar a ignorância dos dirigentes do País.

As personagens intervenientes neste jantar são Sousa Neto, Condessa e Conde de Gouvarinho e João da Ega.

Sousa Neto é representante da Administração Pública, revelando-se ignorante e subserviente e ouvindo a opinião de qualquer um por mais ridícula que seja. É um exemplo da burocracia, revelando-se incompetente e intelectualmente enfraquecido.

A Condessa é uma pessoa fútil que só quer alguém pelo seu valor monetário ou social, presa a um casamento fracassado. Esta procura o amor de Carlos da Maia, fingindo que é uma consulta para o seu filho, marcando, assim, um encontro amoroso com ele.

O Conde de Gouvarinho representa a classe política mostrando-se inapto nas suas funções, casou com a sua mulher por ser filha de um comerciante rico do Porto, juntando o título de ministro e par do reino à sua fortuna.

João da Ega introduz-se nas conversas do Conde de Gouvarinho e Sousa Neto sempre com muita ironia para ilustrar a ignorância e incapacidade destas duas personagens.

Durante o jantar, o Conde, Sousa Neto e Ega discutem qual o lugar da mulher na sociedade e a sua educação. Ega diz que a mulher tem dois deveres: o primeiro de ser bela e em segundo o de ser estúpida. O Conde apoia esta afirmação, acrescentando que o lugar da mulher era a cuidar das crianças e não nas bibliotecas, mas contradiz-se ao dizer que era agradável uma senhora poder falar de literatura ou acontecimentos sociais. Neto concorda dizendo “…Uma senhora, sobretudo quando ainda é nova, deve ter algumas prendas.” Mas Ega discorda fervorosamente dizendo que uma mulher culta é uma aberração e apenas necessita de duas e só duas prendas: cozinhar e amar bem.









Contexto histórico do último quartel do séc. XIX

Contexto histórico do último quartel do séc. 
XIX

O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, económicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas, mais tarde, por outros seguidores. Baseado na concepção materialista e dialéctica da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.
Pode-se dizer que o pensamento de Karl Marx (1818-1883) foi desenvolvido fundamentalmente a partir de seus estudos sobre as três tradições intelectuais já bem desenvolvidas na Europa do século XIX: a filosofia idealista alemã de Hegel e dos neohegelianos, o pensamento da economia-política britânica e a teoria política socialista utópica, dos autores franceses.

Karl Marx

Simbolismo
Entende-se por Simbolismo, não o conjunto de manifestações espiritualistas do último quartel do séc. XIX e o primeiro quartel do séc. XX, mas, num sentido mais especificamente histórico-literário, uma escola ou corrente poética (incluindo a poesia em prosa e a poesia teatral), que se afirma sobretudo entre 1890 e 1915.
De facto, esta define-se por um conjunto de aspectos, aliás variáveis de autor para autor, que dizem respeito às atitudes perante a vida, à concepção da arte literária, aos motivos e ao estilo. Sem dúvida, esta corrente literária insere-se na atmosfera mental, antipositivista, de fins do séc. XIX; mas certos caracteres de técnica literária, de forma, são inerentes ao conceito de Simbolismo aqui adoptado.
Entretanto, há ainda um conceito mais restrito: o daqueles que, tomando como pontos de referência paradigmáticos Mallarmé e Claudel, definem o Simbolismo pela busca obstinada duma verdade metafísica, demanda cujo instrumento de descoberta seria o símbolo. Com efeito, se teimássemos em definir o Simbolismo tão-só pela visão do Universo como teia de analogias, floresta de misteriosas «correspondências» que o poeta se propõe desvendar, então não teria havido Simbolismo autêntico em Portugal: os poetas portugueses dessa época ter-se-iam limitado a copiar grosseiramente gestos, cujo sentido profundo não alcançavam.

Primeira Guerra Mundial (1913-1918)

O Fontismo é a designação dado ao período que se seguiu à Regeneração, entre 1868 e 1889, e à consequente diminuição, ainda que temporária, da crónica instabilidade política em que tinha mergulhado a monarquia constitucional portuguesa. O período foi marcado por acções de fomento de obras públicas e por uma tentativa de modernização das infra-estruturas do país. A designação fontismo deriva do nome de Fontes Pereira de Melo, a figura política liderante do período, o qual esteve à frente de dois governos: o primeiro com início a 13 de Setembro de 1871; e o segundo a partir de 29 de Janeiro de 1878 até 22 de Janeiro de 1887, data da sua morte.


Fontes Pereira de Melo


A Regeneração é a designação dada ao período da Monarquia Constitucional portuguesa que se seguiu à insurreição militar de 1 de Maio de 1851que levou à queda de Costa Cabral e dos governos de inspiração setembrista. Apesar de o ministério que resultou do golpe ser presidido pelo marechal Saldanha, o principal personagem da Regeneração foi Fontes Pereira de Melo. Embora não possa ser claramente delimitada no tempo, o período da Regeneração durou cerca de 17 anos, terminando com a revolta da Janeirinha, em 1868, que levou o Partido Reformista ao poder. A Regeneração foi caracterizada pelo esforço de desenvolvimento económico e de modernização de Portugal, a que se associaram pesadas medidas fiscais.

Manuel Borges 1
O Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente, apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma, mais tarde, a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objectividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjectividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objectivo.


A Revolução Belga de Wappers
O Ultra-romantismo foi um movimento literário português que aconteceu na segunda metade do século XIX. Na verdade, caracterizou-se por escritores jovens que viviam numa "geração perdida", que levaram, ao exagero, as normas e ideais preconizadas pelo Romantismo, nomeadamente a exaltação da subjectividade, do individualismo, do idealismo amoroso, da Natureza e do mundo medieval. Os ultra-românticos geram torrentes literárias de qualidade muito discutível, sendo algumas dela considerada como "romance de faca e alguidar", dada a sucessão de crimes sangrentos que invariavelmente descreviam e que os realistas vão caricaturar de forma feroz.
Existe, todavia, literatura ultra-romântica de qualidade inquestionável. Além de João de Deus, são também autores ultra-românticos Camilo Castelo Branco, Soares de Passos e Castilho. Em algumas obras de Almeida Garrett e de Alexandre Herculano, é já possível detectar alguns traços de Ultra-romantismo, apesar de serem dois dos introdutores do Romantismo em Portugal.


Camilo Castelo Branco

Visão Global D'os Maias

Visão global D’ Os Maias

Os Maias são constituídos por 18 capítulos:
· Os três primeiros capítulos relatam o passado da Família Maia entre o ano de 1820 e 1875, portanto, 55 anos;
· Os catorze capítulos seguintes contam a história de Carlos da Maia durante 14 meses que viveu em Lisboa, desde o Outono de 1875 até aos finais de 1876; interligada com os «Episódios da Vida Romântica»;
· O último capítulo é sobre a visita de Carlos a Lisboa, depois de «um exílio de quase dez anos», em Janeiro de 1887.
No romance, existem duas histórias: uma intriga secundária - a relação amorosa infeliz de Pedro da Maia e de Maria Monforte - e uma intriga principal - que se desenrola ao mesmo tempo que a crónica de costumes. Entre a acção secundária e a principal, há pontos comuns entre o desabrochar dos amores, como também no seu desfecho trágico.
O romance começa com apresentação na casa, no Ramalhete, que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, e para dar lugar aos antepassados da família Maia, como preparação para a acção principal: a juventude de Afonso; a infância e educação de Carlos; a formação académica de Carlos em Coimbra e a sua primeira viagem pela Europa. Só depois, a partir do capítulo III, é que se reinicia a história da acção central.
Um ano passou. Chegara o Outono de 1875: e o avô, instalado no Ramalhete, esperava por ele ansiosamente. O desenlace consiste na degradação familiar: a morte de Afonso da Maia e separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda.
O capítulo XVIII constitui o epílogo da obra: passados dez anos, em 1887, Carlos visita Lisboa e encontra-se com o seu amigo inseparável Ega, com quem viajara pelo mundo, antes de se instalar em Paris. Neste reencontro, e nas reflexões dos dois amigos ao deambularem pela capital, transparece um pessimismo amargo que resulta não só do fracasso pessoal de ambos, mas também do ambiente que os rodeia.
Visão global da estrutura do romance
A estrutura d' Os Maias obedece a dois vectores fundamentais: a história trágica da família Maia e a crónica de costumes, ou seja, o retrato da sociedade portuguesa da segunda metade do séc. XIX.
A intriga apresenta duas acções: uma acção principal, centrada na relação entre Carlos e Maria Eduarda e acção uma secundária, que envolve Pedro e Maria Monforte.
A par da história da família, encontramos episódios que funcionam como caracterização da sociedade portuguesa. Há uma ampla análise do Portugal da Regeneração, marcado pelo conservadorismo, pelo espírito romântico frustrado e pessimista, pela corrupção dos costumes.
Questão Coimbrã

Questão Coimbrã foi o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX entre os defensores do “status quo”, desactualizados em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens escritores estudantes em Coimbra, que tinham assimilado as novas ideias.
Em redor de Castilho, formou-se assim um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias correspondia à hipocrisia das relações humanas, e em que todo o Realismo desaparecia; o grupo que Antero de Quental chamaria de «escola de elogio mútuo». Em 1865, solicitado a apadrinhar com um posfácio o “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de exibicionismo, de obscuridade propositada e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia, acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores mencionados eram Teófilo Braga, autor dos poemas “Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras”; Antero de Quental, que então publicara as “Odes Modernas”, e um escritor em prosa, Vieira de Castro, o único que Castilho distinguia.
Antero de Quental respondeu com uma Carta com o título "Bom senso e bom gosto" a Castilho, que saiu em folheto. Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da actualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.


Grupo Questão Coimbrã

Geração de 70

Geração de 70

A Geração de 70 foi um movimento académico de Coimbra do século XIX que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, tanto politicamente, como na literatura, onde a renovação se manifestou com a introdução do Realismo.
Num ambiente boémio, na cidade universitária de Coimbra, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, entre outros jovens intelectuais, reuniam-se para trocar ideias, livros e formas para renovação da vida política e cultural portuguesa, que estava a viver uma autêntica revolução com os novos meios de transportes ferroviários, que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciando esta geração para as novas ideologias. Foi o início da Geração de 70.
Em Coimbra, este Grupo gerou uma polémica em torno do confronto literário com os ultra românticos do "Bom senso e do Bom gosto" ou mais conhecido por a Questão Coimbrã. Mais tarde, já em Lisboa, os agora licenciados reuniam-se no Casino Lisbonense, para discutir os temas de cada reunião, que acabara por ser proibida pelo governo.
Depois das reuniões, a geração de oiro de Coimbra acabou por não conseguir fazer mais nada, muito menos executar os seus planos que revolucionariam o país, e acabando por se considerarem "os vencidos da vida", que não conseguiram fazer nada com que se comprometeram.


Geração de 70

Intriga Secundária

Intriga Secundária

A intriga secundária que, organizada em torno da relação amorosa de Pedro da Maia e Maria Monforte, narra a história da segunda geração dos Maias.

Estrutura da intriga secundária:

- Pedro da Maia vê Maria Monforte;

- Pedro namora Maria Monforte;

- Pedro casa com Maria Monforte;

- Maria Monforte foge;

- Pedro suicida-se.


Intriga Principal

Intriga Principal







Legenda: Jantares, bailes e chá…


A intriga principal narra os amores incestuosos entre Carlos da Maia e Maria Eduarda, ou seja, a história da terceira geração dos Maias.
Estrutura da intriga principal:
- Carlos da Maia vê Maria Eduarda no Hotel Central;
- Carlos visita Rosa, a pedido de Miss Sara;
- Carlos conhece Maria Eduarda na casa desta;
- Declaração de Carlos a Maria Eduarda;
- Consumação do incesto inconsciente;
- Encontro de Maria Eduarda com Guimarães;
- Revelações de Guimarães a Ega;
- Revelações de Ega a Carlos;
- Revelações de Carlos a Afonso;
- Consumação do incesto, agora consciente;
- Encontro de Carlos com Afonso;
- Morte de Afonso;
- Revelações a Maria Eduarda;
- Partida de Maria Eduarda.